A publicação científica como placebo

Cuadernos de Neuropsicologia, Sep 2016

ResumoA escolha da publicação feita por cada um dos autores é devida também às características da tradição e cultura acadêmica. Assim descobrimos que métricas de citação, como o fator de impacto, são utilizados como parâmetros para a escolha, assume-se que um fator de impacto maior significa sem dúvida, maior qualidade da publicação. Esta ideia errada mas comummente aceite é por vezes, apoiada pelos editores e poderia ser entendida como uma forma de placebo na hora de decidir donde publicar.Da mesma forma como é observado o modo de administração, a cor, forma e preço do placebo são relevantes ao se obter uma maior resposta terapêutica em paciêntes, estudos recentes demostram que a credibilidade de um artigo da neurociência cognitiva será maior se o texto for acompanhado de imagens do cérebro. O uso de gráficos e tabelas em um artigo de psicologia também é associado com a abordagem dos assuntos mais densos da disciplina.

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A publicação científica como placebo

Cuadernos de Neuropsicología Panamerican Journal of Neuropsychology A publicação científica como placebo 0 [1] Editor Cuadernos de Neuropsicología Panamerican Journal of Neuropsychology. Contacto: L - O G A Y A M . 2 O R E M Ú N . 0 1 N E M U L O V como placebo 3 0 1 . 2 . 0 1 / S P N C / 4 1 7 7 . 0 1 : I O D . 6 1 0 2 O G A Y A M . 2 O R E M Ú N . 0 1 N E M U L O V Não seria de estranhar que entre os critérios considerados pelos autores no momento de escolher uma revista para publicar, acharmos que alguns deles qualificaram como um placebo. O efeito placebo é freqüentemente, sinónimo de inútil em tratamentos de saúde. Esse efeito também é usado na ciência médica como ferramenta metodológica para mesmo desacreditar ou mesmo descartar, tratamentos ineficazes e/ou prejudiciais. No grupo placebo, mesmo não havendo um princípio ativo que justifique o seu uso, é possível apreciar efeitos concretos e mensuráveis em pessoas tratadas com eles. Pode-se identificar uma ampla variedade de placebos, associados com tradições diversas, rituais ou superstições1. Todos eles coincidentemente, activam mecanismos neurobiológicos precisos que envolvem neurotransmissores e áreas importantes do cérebro, tais como o córtex pré-frontal, ínsula anterior, córtex cingulado e amígdala2. A pesquisa científica progride na identificação de marcadores genéticos para distinguir aos indivíduos mais sensitivos para responder aos placebos3. Por exemplo, estudos clínicos proporcionam provas sobre os mecanismos e vias que utilizam o placebo no caso da analgesia, que não diferem das utilizadas pelas substâncias activas da maior parte dos medicamentos para tratar a dor4. Um estudo recente em pacientes com dor aguda ingressados de urgência revelou que a acupuntura mostrou maior eficácia, rapidez e tolerância que a morfina por via intravenosa5. Embora a pesquisa tenha revelado as vias neurobiologicas das respostas ao placebo, os dados coletados sugerem que os benefícios terapêuticos associados ao placebo não alteram a pato-fisiologia da doença de base além da manifestação dos seus sintomas. Os benefícios relacionados à sintomatologia são acompanhados por um evidente compromisso emocional e cognitivo, assumido tanto pelo terapeuta como pelo paciente e, por que não dizê-lo, por um importante grupo da sociedade que aceita de bom grado os efeitos positivos de várias substâncias e tratamentos. Esta eficácia simbólica6 , relacionada com o envolvimento dos participantes e um maior senso de controle1, coincide com aquilo que o Marquês de Puységur descreveu em 1784, como sendo os elementos chave indispensáveis para a eficácia do magnetismo animal, técnica desenvolvida por Franz Mesmer, precursora da hipnose moderna e amplamente utilizada na segunda metade do Século XVIII7. A escolha da publicação feita por cada um dos autores, é devida também às características da tradição e cultura acadêmica. Assim descobrimos que métricas de citação, como o fator de impacto, são utilizados como parâmetros para a escolha, assume-se que um fator de impacto maior significa sem dúvida, maior qualidade da publicação. Esta ideia errada mas comummente aceite é por vezes, apoiada pelos editores e poderia ser entendida como uma forma de placebo na hora de decidir donde publicar8, 9. Da mesma forma como é observado o modo de administração, a cor, forma e preço do placebo são relevantes ao se obter uma maior resposta terapêutica em paciêntes10, 11, estudos recentes demostram que a credibilidade de um artigo da neurociência cognitiva será maior se o texto for acompanhado de imagens do cérebro12 . O uso de gráficos e tabelas em um artigo de psicologia também é associado com a abordagem dos assuntos mais densos da disciplina13. Todo artigo científico é lido de modo subjetivo, não somente a temâtica é avaliada, mas também o prestígio da publicação. Essa leitura é evidente quando, além do conteúdo, a origem e prestígio da revista são usados como um argumento. Embora seja errado considerar 3 0 1 . 2 . 0 1 / S P N C / 4 1 7 7 . 0 1 : I O D . 6 1 0 2 O G A Y A M . 2 O R E M Ú N . 0 1 N E M U L O V o fator de impacto e outras métricas -construidas para medir a produtividade de uma revista-, como indicadores da qualidade e da importância científica de um artigo e / ou autor em particular, também é reconhecida a necessidade de melhorar esses indicadores e educar quanto ao seu verdadeiro escopo14, 15, 16. Independientemente dessa melhora necessária, enquanto esses indicadores bibliométricos continuem a ser uma prática comum e generalizada a nível institucional e governamental, o efeito placebo será inevitável sobre algumas condutas de muitos pesquisadores. Posivelmente esta tendência esteja relacionada com o fato que as revistas donde publicar são a meta ou ponto de chegada e não um lugar de trânsito, quer dizer, o suporte desde o qual as ideias e descobertas serão divulgadas, com a finalidade de atingir a maior quantidade posível de pesquisadores e profissioniais. Os editores con (...truncated)


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Roberto Polanco- Carrasco. A publicação científica como placebo, Cuadernos de Neuropsicologia, 2016, 2,