Saúde: vulnerabilidade social, vizinhança e atividade física

Cadernos Metrópole, Jan 2016

Manoel Carlos Sampaio de Almeida Ribeiro, Rita Barradas Barata

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Saúde: vulnerabilidade social, vizinhança e atividade física

dossiê: a saúde na cidade Saúde: vulnerabilidade social, vizinhança e atividade física Health: social vulnerability, neighborhood and physical activity Manoel Carlos Sampaio de Almeida Ribeiro1  Rita Barradas Barata2  1Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Departamento de Saúde Coletiva. São Paulo, SP/Brasil. 2Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Departamento de Saúde Coletiva. São Paulo, SP/Brasil. Resumo Este artigo analisa a associação entre atividade física, grau de vulnerabilidade social e vizinhança na área central de São Paulo. Foram estudados os níveis de atividade física de adultos moradores em setores censitários vulneráveis e não vulneráveis relacionando esse comportamento com o contexto do bairro e com características sociodemográficas dos indivíduos. A distribuição dos níveis de atividade física foi diferente para os dois grupos, predominando, no grupo vulnerável, as pessoas ativas no trabalho sem relação com as condições de vizinhança. Já no grupo não vulnerável a atividade física estava dividida entre lazer e trabalho, e a maioria é pouco ativa. Nesse grupo há associação entre atividade física e gênero, não ter carro e sensação de segurança à noite no próprio bairro. Palavras-Chave: vulnerabilidade social; vizinhança; atividade física; saúde urbana Abstract The article examines the association between physical activity, social vulnerability level and neighborhood in São Paulo’s downtown. Physical activity levels were studied in adults living in vulnerable and non-vulnerable census tracts, and physical activity practice was related to neighborhood characteristics and to the individuals’ sociodemographic variables. The distribution of physical activity levels was different for the two groups: in the vulnerable group, active people at the workplace predominated, unrelated to neighborhood conditions. In the non-vulnerable group, physical activity is divided between leisure and work, and most are somewhat active. In this group, there is an association between physical activity and gender, not having a car and sense of security at night in one’s own neighborhood. Key words: social vulnerability; neighborhood; physical activity; urban health Introdução O padrão de urbanização acelerado imprimiu às grandes metrópoles periféricas algumas características comuns, tais como a precariedade da expansão da área urbana e a transformação permanente dos espaços intraurbanos geralmente marcados por processos de segregação socioespacial e por impactos negativos sobre o meio ambiente. As décadas de 1980 e 1990 modificaram substancialmente a região metropolitana da Grande São Paulo. De uma região basicamente industrial até a década de 1970, ela passou a ser um polo de atividades concentradas no setor terciário e quaternário da economia, alterando o processo de uso do solo e a divisão socioespacial do trabalho, que no período anterior havia determinado a ampliação da periferia da cidade e a formação de anéis concêntricos em torno do centro expandido (Bousquat e Nascimento, 2001). Durante todo o século XX, a história da urbanização de São Paulo foi marcada por um processo de periferização da pobreza e pela criação e abandono de diversas centralidades (Iglesias, 2002). Na primeira metade do século XX, a urbanização da cidade separou as elites econômicas, que ficavam nas chamadas partes altas da cidade (Campos Elíseos, Higienópolis, Avenida Paulista), e alguns segmentos profissionais, que ficavam nos bairros operários habitados predominantemente por imigrantes europeus (Brás, Bom Retiro, Barra Funda, Belém, Mooca, Pari). A partir da década de 1960, a expansão das periferias pobres se deu em todas as direções com maior adensamento nas zonas sul e leste do município, onde se concentraram as grandes levas de migrantes nacionais chegados para trabalhar na indústria automotora e de bens duráveis. Progressivamente, com as transformações econômicas, novos “centros” foram se delineando na cidade, abandonando o centro histórico que passou por grandes transformações (Iglesias, 2002). Como as outras grandes metrópoles mundiais, São Paulo enfrenta os problemas decorrentes dessas transformações econômicas que resultaram em profunda modificação do mercado de trabalho, gerando desemprego estrutural de parcela considerável dos trabalhadores não qualificados e crescimento das relações informais e da precarização das condições de trabalho. Territorialmente, esses processos se refletem em segmentação e diferenciação dos espaços urbanos com desigualdades marcantes no provimento dos serviços essenciais, tais como saneamento, limpeza urbana, transporte viário, habitação e urbanismo. O cenário urbano é fortemente marcado pelos contrastes sociais e pelas desigualdades entre a extrema riqueza e a extrema pobreza, geralmente segregadas espacialmente, mas em certas situações, como no distrito do Morumbi, convivendo lado a lado (Bar (...truncated)


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Manoel Carlos Sampaio de Almeida Ribeiro, Rita Barradas Barata. Saúde: vulnerabilidade social, vizinhança e atividade física, Cadernos Metrópole, 2016, pp. 401-420, Volume 18, Issue 36, DOI: 10.1590/2236-9996.2016-3605